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sábado, setembro 09, 2006

À beira de um ataque de nervos

Ao contrário do diabo de Baudelaire, o maior trunfo do terrorismo é fazer-nos crer que existe. Quando as sociedades entram para um comboio, um avião, um supermercado, a olhar, nervosamente, por cima do ombro, anda mouro na costa.

Todos os dias aterram jactos com passageiros em pânico. Não se pode ir à casa de banho sem causar suspeitas. Os bebés olham-se de soslaio: podem ser brinquedos-bomba. Mas a verdade é que, independentemente das razões vastíssimas do fenómeno, há razões para alarme.

No caso do ‘terrorismo líquido’ inglês, metade dos arguidos foi incriminada. Se as provas resistirem em Tribunal, é o primeiro genuíno triunfo, ainda por cima preventivo, de cooperação entre serviços secretos e polícias, após meses de escutas úteis e focadas.

O mesmo na Alemanha, onde em Julho se desmantelou, discretamente, um plano para repetir a tragédia de Madrid. Foram então descobertos explosivos em comboios de Koblenz e Dortmund. Um mês e duas prisões depois, sabe-se que não foi obra de loucos, mas ensaio premeditado de matança, em hora de ponta.

Ou seja, a espada continua sobre as nossas gargantas, a batalha será longa, e não há soluções absolutas. A não ser não desistir de viver habitualmente.

FORÇA INDECISA

Chirac afirma ignorar a dimensão da força da ONU no Líbano. Prodi diz que isto não é um concurso de beleza, para ver quem põe mais tropas no local.

A secreta militar de Israel, o Aman (do general Yadlin), jura que o ‘Partido de Deus’ recebe, todos os dias, mísseis de Damasco, vindos do Irão, pelo porto de Latakia. Mas Koffi Annan sugere que a UNIFIL não estacionará na fronteira da Síria, nem desarmará o Hezbollah.

Quanto à ministra da Defesa francesa, diz-se satisfeita, depois de receber “garantias” (de quem?) sobre a possibilidade de os pacificadores dispararem balas de borracha (sic), sempre que haja obstáculos à sua acção. E fala de ‘zonas de exclusão’, que mais ninguém conhece. Assim, é difícil ser polícia do mundo.

- ‘Doping’ no ciclismo e atletismo. Apostas ilegais no futebol italiano. Caso ‘Apito Dourado’. Caso Mateus. Artur Boruc, do Celtic, avisado por um Tribunal escocês para não se voltar a benzer em campo (sic). A equipa paquistanesa de críquete (injustamente?) acusada de manipular a bola, e violar a lei 42.3. O ‘desporto’ no seu melhor.

- África em fogo. Casamança (Senegal), o Congo pós-eleitoral, o Delta do Níger, entre petróleo, miséria, terrorismo e corrupção, Descolonizaram todos cedo, mas...

- O Irão inaugura a fábrica de água pesada de Arak, em Khondab, e diz querer negociar “seriamente” com a comunidade internacional. Dois passos à frente, um atrás.

Nuno Rogeiro

Retirado do Correio da Manhã, 27 de Agosto de 2006.