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domingo, setembro 10, 2006

10 de Setembro de 2001


O Verão acabava quente. Nos EUA, George W. Bush, presidente há sete meses, reunia-se, às oito da manhã, com o seu ‘núcleo duro’: Andrew Card, Karl Rove e Karen Hughes. Nesse dia, a Casa Branca nomeara dez juízes para tribunais de círculo, Jay Stevens como procurador-geral adjunto, promulgara a lei sobre ‘Leitura Antes de Tudo’, jurara fidelidade eterna ao primeiro-ministro da Austrália, que visitava Washington, e preocupara-se com as notícias de Jerusalém: oito israelitas e três árabes mortos, quarenta feridos civis judeus. O costume.

Na longínqua Nigéria, na cidade de Jos, uma miniguerra entre cristãos e muçulmanos acabava, com dezenas de vítimas.

Do dividido Afeganistão chegavam indicações confusas sobre a morte do ‘Leão de Panshir’, o comandante Massoud. Na véspera, dois falsos jornalistas tinham assassinado a melhor cabeça que poderia suceder, de forma responsável e corajosa, aos Taliban.

Os homicidas pertenciam a uma organização misteriosa, que em 1998 tinha destruído as embaixadas americanas em Dar es Salaam e Nairobi.

Chamava-se al-Qaeda. Meses antes, falando-me sobre bin Laden, num jantar a quatro no último andar da residência do embaixador dos EUA, em Lisboa, o ex-conselheiro de segurança nacional de James Carter, Zbigniew Brzezinski, dizia-me: “Não exagere a importância dessa gente; o terrorismo é um mero acessório no mapa geopolítico.” Viu-se.

Chináfrica

Há uma história por escrever, sobre a guerra secreta entre Pequim e a rebelde Formosa, pelo estabelecimento de influência política e relações económicas em África. O círculo de amigos de Taiwan diminui drasticamente: conta hoje apenas com São Tomé, o Malawi, a Suazilândia, o Burkina Faso e a Gâmbia. O candidato presidencial da oposição zambiana, Michael Sata, sugeriu que poderia restabelecer relações com Taipé. O embaixador chinês em Lusaka, Li Baodong, reagiu violentamente, explicando que o país ficaria isolado. Interferência na vida interna de um estado? O que é isso?

Informado pelos incompetentes e infiltrados serviços secretos locais, impotente e preocupado, o PM indiano avisava, há dias, para uma vaga inimaginável de terror. Depois foi a carnificina da mesquita de Malegaon. Eis a temida próxima guerra pela alma do mundo.
Face a Deus e à memória, sozinho na cela, está Bernardo Provenzano. Lenda sangrenta da Sicília e da Máfia, encerra ainda muitos segredos. A sua versão sublinhada, comentada e anotada da Bíblia está a ser estudada nos laboratórios do FBI, em Quantico. Ao que parece, contém um código vital, mas Dan Brown ainda não sabe.

O chefe do governo finlandês, Matti Vahanen, presidente da UE, diz que a Turquia trará estabilidade à Europa. Ámen.

Nuno Rogeiro

Retirado do Correio da Manhã, 10 de Setembro de 2006.