Buchanan alerta para "morte do Ocidente"
Como se não bastasse o debate sobre imigração nos EUA estar ao rubro, alimentado pelas eleições legislativas de Novembro, um livro agora publicado procura inculcar medo no público americano.
Em Estados de Emergência: A Invasão e Conquista da América pelo Terceiro Mundo, Pat Buchanan diz que, "como Roma acabou, também o Ocidente está a acabar, pelas mesmas causas e, em parte, da mesma forma. O que o Danúbio e o Reno eram para Roma, o rio Grande e o Mediterrâneo são, para América e Europa, as fronteiras de uma civilização que já não está a ser defendida". Acrescenta: "As crianças nascidas em 2006 vão assistir nas suas vidas à morte do Ocidente."
Para quem pensa que Pat Buchanan - que se candidatou às presidenciais pelo Partido Reformador em 2000 - é um extremista de direita, sem consequências de maior, diga-se que na amazon.com, no domingo, o livro estava em 571.º lugar nas vendas, e na segunda-feira em 2º. Há muitos a dar-lhe ouvidos...
Buchanan está preocupado com a "reconquista", o movimento nacionalista mexicano de reconstituição de Aztlán, o império asteca, que incluiria o Sudoeste dos EUA. Diz Buchanan que, "preocupado com o seu legado, George W. Bush pode viver o suficiente para ver o seu nome entrar na história do seu país como o Presidente que perdeu o Sudoeste americano que James K. Polk ganhou para os EUA".
Segundo o autor, entre 10 e 20% de todos os mexicanos, centro- -americanos e caribenhos já vivem nos EUA e, se nada for feito, em 2050 haverá cem milhões de hispânicos no Sudoeste do país.
Para o evitar, propõe soluções radicais. Para começar, seria estabelecido um programa de deportações: qualquer estrangeiro que tivesse sido condenado ou pertencesse a gangs seria expulso. Ao mes- mo tempo, fazia reviver o sistema de quota máxima avançado por John F. Kennedy, em 1958, limitando a um máximo de 250 mil o número anual de imigrantes admitidos (actualmente, entram legalmente mais de um milhão).
Começaria imediatamente a construção de uma cerca dupla ao longo de toda a fronteira entre os EUA e o México (e "sem qualquer pedido de desculpas ao Governo mexicano"), projecto que calcula custaria 10 mil milhões de dólares.
Buchanan afirma que "está a haver uma fragmentação neste país. Em que ponto a diversidade cultural e racial se torna numa espécie de anarquia social? Como se consegue assim uma coesão social?" Rejeita o argumento de a América ser o "credo" da democracia, igualdade e instituições formadas pela Constituição, porque "a Constituição não criou a nação, a nação adoptou a Constituição" e os Pais Fundadores "partilhavam com uma nação em particular laços de sangue, solo e memória".
Para Buchanan, as civilizações morrem por suicídio, não assassinadas, e o liberalismo é a ideologia do suicídio ocidental.
Manuel Ricardo Ferreira
Retirado do Diário de Notícias, 26 de Agosto de 2006.
Em Estados de Emergência: A Invasão e Conquista da América pelo Terceiro Mundo, Pat Buchanan diz que, "como Roma acabou, também o Ocidente está a acabar, pelas mesmas causas e, em parte, da mesma forma. O que o Danúbio e o Reno eram para Roma, o rio Grande e o Mediterrâneo são, para América e Europa, as fronteiras de uma civilização que já não está a ser defendida". Acrescenta: "As crianças nascidas em 2006 vão assistir nas suas vidas à morte do Ocidente."
Para quem pensa que Pat Buchanan - que se candidatou às presidenciais pelo Partido Reformador em 2000 - é um extremista de direita, sem consequências de maior, diga-se que na amazon.com, no domingo, o livro estava em 571.º lugar nas vendas, e na segunda-feira em 2º. Há muitos a dar-lhe ouvidos...
Buchanan está preocupado com a "reconquista", o movimento nacionalista mexicano de reconstituição de Aztlán, o império asteca, que incluiria o Sudoeste dos EUA. Diz Buchanan que, "preocupado com o seu legado, George W. Bush pode viver o suficiente para ver o seu nome entrar na história do seu país como o Presidente que perdeu o Sudoeste americano que James K. Polk ganhou para os EUA".
Segundo o autor, entre 10 e 20% de todos os mexicanos, centro- -americanos e caribenhos já vivem nos EUA e, se nada for feito, em 2050 haverá cem milhões de hispânicos no Sudoeste do país.
Para o evitar, propõe soluções radicais. Para começar, seria estabelecido um programa de deportações: qualquer estrangeiro que tivesse sido condenado ou pertencesse a gangs seria expulso. Ao mes- mo tempo, fazia reviver o sistema de quota máxima avançado por John F. Kennedy, em 1958, limitando a um máximo de 250 mil o número anual de imigrantes admitidos (actualmente, entram legalmente mais de um milhão).
Começaria imediatamente a construção de uma cerca dupla ao longo de toda a fronteira entre os EUA e o México (e "sem qualquer pedido de desculpas ao Governo mexicano"), projecto que calcula custaria 10 mil milhões de dólares.
Buchanan afirma que "está a haver uma fragmentação neste país. Em que ponto a diversidade cultural e racial se torna numa espécie de anarquia social? Como se consegue assim uma coesão social?" Rejeita o argumento de a América ser o "credo" da democracia, igualdade e instituições formadas pela Constituição, porque "a Constituição não criou a nação, a nação adoptou a Constituição" e os Pais Fundadores "partilhavam com uma nação em particular laços de sangue, solo e memória".
Para Buchanan, as civilizações morrem por suicídio, não assassinadas, e o liberalismo é a ideologia do suicídio ocidental.
Manuel Ricardo Ferreira
Retirado do Diário de Notícias, 26 de Agosto de 2006.
2 Comments:
Vale lembrar que o que ele chama de liberalismo é a "Terceira Via", não a doutrina de Adam Smith, Mises, Hayek e Bastiat.
Muito bem colocado, Fábio.
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