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quinta-feira, outubro 12, 2006

Feliz aniversário Grande Líder


Hoje, no aniversário da subida ao poder do ‘líder inteligente’, é muito possível que tenhamos novidades.

A opacidade do regime norte-coreano faz com que as informações válidas cheguem sobretudo de dissidentes, de espiões, ou de antigos aliados. Em boa verdade, são mais interessantes as obras sobre trivialidades do poder, como os escritos do ex-cozinheiro japonês da presidência, Kenji Fujimoto. Interessa também seguir os media locais e falar com os diplomatas de Pyongyang, que continuam a tentar encontrar legitimidade exterior, do Uganda à ONU. Deve fazer-se isto antes de escutar as catilinárias (por coincidência, acertadas) contra o comunismo “pária”, o “modo de produção antigo”, ou o enlouquecimento do poder do “chefe supremo”.

Kim Jong Il, conhecido como Yuri na sua infância siberiana, tem 65 anos. Já foi o ‘Querido Líder’, e é hoje o ‘Grande Líder’ da República Democrática da Coreia do Norte. A morte do pai, Kim il Jung, deixou a presidência vaga, fechada num símbolo. O novo chefe viria a ser ‘apenas’ secretário-geral do partido dos trabalhadores, presidente do Conselho Nacional de Defesa e comandante supremo das Forças Armadas. É nesta tripla condição que Kim Jong Il prepara, desde 8 de Outubro de 1997, as linhas de sobrevivência do sistema político, em torno dos conceitos de auto-suficiência nacional (Juche) e predominância do factor militar ‘transparente’, na doutrina e prática da reunificação (Songun).

Grande Líder (2)

Na altura em que o MNE de Pyongyang explicava que a decisão de um teste nuclear derivava da “nova agressividade americana”, Kim Jong Il enviava mensagens de felicitações, por efemérides diversas, aos presidentes do Chipre, da Alemanha e da Nigéria. E o líder recebia ainda 500 comissários políticos do ‘exército de reunificação’, sob o olhar atento dos generais Jo Myong Rok, Kim Yong Chun e Kim Il Chol. Os gritos de saudação eram também clamores de guerra.

Hoje, no aniversário da subida ao poder do ‘líder inteligente’ (outro título comum), é muito possível que tenhamos novidades, numa ex-mina de carvão da zona de Gilju, na província de Hamkiung, mesmo ao pé da China. Se a experiência não ocorrer, temos de dar os parabéns a essa mesma China.

As ‘sanções’ de Moscovo à Geórgia, punindo antes de mais o povo, contrariam a linha geral humanitária da diplomacia russa, do Irão à Coreia do Norte. Mas são a ‘realpolitik’ de Putin.

Durante o Ramadão, época de sacrifício e compreensão, milícias ‘muçulmanas’ continuam a matar crentes do Islão. Viu-se em Tal Afar, a oeste de Mossul.

Os EUA precisarão de ser muito claros e sinceros quando o Parlamento Europeu divulgar o relatório sobre os voos da CIA. Qualquer outra coisa agravará o fosso.

Nuno Rogeiro

Retirado do Correio da Manhã, 08 de Outubro de 2006.