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sábado, julho 22, 2006

A guerra de sempre


Evito sempre escrever uma linha que seja sobre Israel. Em primeiro lugar porque é um assunto armadilhado por fanatismos vários e quase me convenço, por isso, que a pacificação da zona é uma impossibilidade. Em segundo lugar porque sou instintivamente pró-Israel. Admiro Israel e a sua fatídica História, muitos dos escritores que aprecio são (ou foram) judeus e o mundo em que apesar de tudo mais me revejo tem uma origem judaico-cristã (a velha conversa sobre a importância do hífen). Depois, desde 1948 que Israel está em guerra com a vizinhança. A vizinhança não se recomendou e nunca se recomendou. Não esqueço que Israel é uma democracia cercada por ditaduras paranóicas. E antes da Europa ou dos Estados Unidos conhecerem o que é o terrorismo moderno, já Israel tinha sofrido na pele o fenómeno. Não é brincadeira.

Sucede que há outras razões. Sempre que o assunto é Israel acabamos por ter de relembrar algumas evidências. A guerra em curso de Israel no Sul do Líbano pode ser uma resposta à desordem dos tempos e, muito em especial, ao caos em que se transformou o Médio Oriente. Mas não é em absoluto uma guerra nova. Na essência, Israel perpetua uma guerra contra os países árabes porque os países árabes continuam a recusar que Israel exista.

Em 2000, Israel saiu do Sul do Líbano que depois disso passou a ser controlado pelo Hezbollah; em 2005 deixou Gaza. O Sul do Líbano e a Faixa de Gaza têm sido usados pelos movimentos terroristas para sucessivos ataques de rockets contra Israel. O Hezbollah tem ligações ao Hamas. O Hamas tem ligações à Síria. E tanto o Hamas como o Hezbollah gozam da sádica protecção do Irão, agora em fase nuclear.

Com um Governo inepto do Hamas na Palestina, um Hezbollah descontrolado no Líbano, a cumplicidade da Síria e o lunático Presidente do Irão, não se pode esperar dos israelistas brandura e benevolência. Não se pode esperar que sacrifiquem a sua segurança, que se abstenham. É uma guerra de um contra muitos. Como sempre foi.

Pedro Lomba

Retirado do Diário de Notícias, 22 de Julho de 2006.