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sexta-feira, agosto 04, 2006

Nota do presidente do PND


Será crime desejar um entendimento sólido, em torno de Ideias, na Direita portuguesa? Não o creio! Crime seria nada fazer para libertar um espaço político que se mantém prisioneiro do pacto MFA – Partidos celebrado no pós revolução. Continuamos a ter a direita consentida e desejada pela esquerda, como garantia da manutenção do status quo, que convém aos senhores absolutos do sistema. A alternância no poder é apenas sinónimo da mudança dos titulares dos cargos e a diferenciação ideológica, essencial a qualquer regime democrático forte, foi sendo substituída por critérios de competência atribuídos aos políticos.

Neste quadro o que mais conta é a capacidade na gestão dos negócios públicos e a visão estratégica, a ideia de Nação, a concepção sobre o Homem, a sociedade e o próprio Estado, figuram como factores irrelevantes no debate político nacional. É assim urgente alterar a situação, começando pelo pensamento. E começar pelo pensamento é recordar Sá Carneiro, Amaro da Costa, Freitas do Amaral, Ribeiro Telles e os Reformadores e por uma razão muito simples: antes de qualquer coligação eleitoral, da feitura de listas ou da repartição de poder, delinearam um projecto, definiram um programa e prepararam uma agenda. Do que se trata agora não é pois resumir tudo num partido, num grupo, numa qualquer equipa; do que se trata agora é querer perceber o que junta e o que separa quantos se auto classificam como sendo de direita.

Temos de responder a esta simples pergunta: o que é afinal ser de direita, hoje, em Portugal? O que pode juntar, no plano dos valores e do programa político, democratas-cristãos, conservadores e liberais? O que pode aproximar em termos ideológicos, sociais – democratas do PSD, com democratas – cristãos do CDS, com conservadores liberais da Nova Democracia, com conservadores e com liberais independentes? Sem respondermos de forma clara e séria a estas questões, seremos, todos, mais do mesmo. E manteremos o equívoco seja perante nós próprios, seja perante os eleitores.

Um democrata – cristão tem a mesma atitude institucional perante o aborto, que um liberal? Um liberal tem a mesma posição perante o papel do Estado na Saúde, na Educação, na Segurança Social, que um democrata – cristão? Um conservador possui a mesma visão sobre a União Europeia que um democrata-cristão ou que um liberal?

Do que fica exposto fácil é pois concluir que o almoço realizado entre mim e o Dr. José Ribeiro e Castro, Presidente do CDS, teve um alcance muito maior do que aquilo que à primeira vista se possa supor. E se compreendo a irritação de quantos a ele publicamente se opuseram, já não estou disponível para aceitar ficar tolhido ou condicionado face aos imensos desafios que agora se nos colocam. O futuro não o perdoaria e o presente não o entenderia.


Manuel Monteiro

Presidente da Nova Democracia

Lisboa, 3 de Agosto de 2006