http://img233.imageshack.us/img233/4972/novadireita15tl.jpg

domingo, outubro 22, 2006

...

A longo prazo imigrantes vão acabar por submergir as populações nativas



Fiel às suas ideias de sempre, assentes nas alegações do perigo estrangeiro na figura dos imigrantes, Jean-Marie Le Pen regressa à cena política francesa como candidato da Extrema-Direita nacional, fenómeno que conhece novo crescimento no espaço europeu. Eurodeputado sem qualquer fé na Europa comunitária, nacionalista irredutível, Le Pen advoga a revogação dos tratados que cimentam a União Europeia, cujo projecto de prosperidade entende ter redundado num fracasso.



Jornal de Notícias |Como justifica a progressão da Extrema-Direita na Europa (como na Bélgica, Áustria, Eslováquia e também na França)?



Jean-Marie Le Pen |Esse fenómeno - geral na Europa - está ligado à consciência de certo número de perigos que não cessou de aumentar desde há alguns anos. Em primeiro lugar, a torrente de imigração do Terceiro Mundo, consequência da multiplicação da população mundial, pois havia 1,5 milhões de pessoas no início do século XX e agora há sete mil milhões, em progressão; as condições de empobrecimento vão-se agravar e a tentação de ir para países que são oásis provisórios, de prosperidade ou sobrevivência, é muito grande. Mas não há só esse perigo; há muitos outros, como a insegurança, o desemprego, a sobrepopulação das cidades e das periferias, etc. Agora este fenómeno é ressentido pelos países que recebem o primeiro choque da imigração, como a França, a Itália, a Inglaterra, a Espanha....



Qual é a sua previsão para tal situação, a médio e longo prazos?

Antes de mais, não faço julgamentos morais sobre o fenómeno, mas sempre afirmei que não deveríamos "compactuar" nunca com os políticos da Esquerda e da Direita, que são os responsáveis por esta imigração, o que é verdade para a Bélgica e para a Holanda, por exemplo. Porque este fenómeno cria uma série de fricções, pressões, distorções e confrontos que se vão agravar com a chegada continua de pessoas suplementares. Ora, a longo prazo, as populações exógenas acabam por submergir as populações nativas e, por consequência, impor-lhes a maneira de ser, de ver, os seus costumes e regras. A isso chama-se a perda da independência. Ora advogo o direito e o dever de cada comunidade de se defender. Defender a sua liberdade, independência, território, o seu património. Sou um porta-voz dessa revelação.



É por isso que defende "uma 'imigração zero', no que respeita a imigração que vem do exterior da Europa e mesmo da Europa"?

Sim, porque cada povo, cada indivíduo, tem o direito a uma nação, uma pátria, que para mim é o melhor quadro para o desenvolvimento e a defesa dos seus direitos e interesses. A 'imigração zero' pode sofrer excepções, mas resta o princípio. Mas hoje em dia, é a abertura - e não das fronteiras porque não as há -, a liberdade geral de circulação que, evidentemente, é um elemento de desequilíbrio profundo no Mundo. Sabe quantos imigrantes equatorianos há em Espanha? 500 mil. Você é portuguesa e tem a mesma nacionalidade que um brasileiro, por exemplo. Se amanhã ocorrer uma epidemia, vêm bruscamente 30 milhões ou 40 milhões de brasileiros há procura de refúgio em Portugal. Se ficarem em Portugal, vocês serão submersos; mas, se não ficarem em Portugal, em virtude da lei europeia, vêm para França! O que disseram Zapatero (chefe do Governo espanhol) e Berlusconi (ex-primeiro-ministro italiano)? Regularizaram 1,5 milhões de clandestinos em 2005, porque eles não ficam lá, vêm para França. Ora, Zapatero que guarde os clandestinos em Espanha.



Como os que chegam a Portugal e partem para os restantes países europeus quando não conseguem sobreviver no pais...

Exactamente. Mas a Inglaterra não pode receber mais imigrantes e vai fechar as fronteiras. A França também não pode mas eles continuam a chegar a Espanha, a Portugal... será necessário alojá-los, alimentá-los. Será dramático. E, com a política social igualitária, em nossa casa vão ganhar, sem trabalhar, cem vezes mais do que ganham nos países de origem! Acreditam que aqui é o paraíso. Chegam os primeiros, instalam-se. É como a "Jangada da Medusa"(referência ao quadro de Géricault).



Nesse contexto, como é que avalia a iniciativa do "Espaço Schengen?

Sou, em absoluto, pela revogação do Tratado de Schengen e de Amesterdão, para que sejamos responsáveis pelo nosso próprio destino e que tenhamos os nossos meios políticos. O que não é o caso, hoje.



Qual a sua posição sobre a União Europeia?

Sou eurodeputado há 22 anos. E também eurocéptico. Penso que a nação tem o quadro necessário ao equilíbrio do Mundo, à segurança, liberdade dos povos, defesa da sua cultura e língua e, por consequência, esta mistura de países que não falam dos mesmos problemas não pode ser funcional. Por exemplo, Sarkozy (ministro do Interior francês) quer que sejam 27 países europeus (a partir de 31 de Dezembro) a ocupar-se dos problemas da imigração. Mas não há tais problemas na Polónia, na Eslováquia, nem nos países escandinavos. Qual será a capacidade de decisão desses países sobre uma questão que não os afecta? Os problemas são diferentes em todos os países, e cabe a cada um decidir se abre a sua porta. Isto é um profundo erro. Alguém disse "Vamos fazer a Europa porque teremos prosperidade como jamais conhecemos". Ao fim de 30 anos, a 'Eurolândia' é o único sítio do Mundo onde não há crescimento. O que nos foi prometido em troca da soberania e do direito de dispormos de nos próprios foi o 'pó de perlimpimpim'.



Líder da Frente Nacional, partido ultranacionalista francês, Le Pen é conhecido por defender políticas radicais, entre elas a readopção da pena de morte, maior restrição de imigrantes em França de países fora da Europa e independência da França da União Europeia. Foi candidato à Presidência da França em 2002, em que foi à segunda volta, mas foi derrotado nas urnas por Jacques Chirac.

Sónia Gomes da Silva

Retirado deo Jornal de Notícias, 21 de Outubro de 2006.

segunda-feira, outubro 16, 2006

Agora!


Já conheciam a revista Right Now!? Eu desconhecia, está para os conservadores da Direita britânica como a American Conservative está para os conservadores americanos.

O aborto e as marés ideológicas


Cresce a possibilidade de termos um novo referendo sobre a liberalização do aborto. A discussão no Parlamento está agendada e os jornais há muito ateiam o tema. Tudo indica que o poder político nos vai perguntar se mudámos de opinião desde 1998.

O aspecto mais chocante desta reedição é, sem dúvida, o momento escolhido. Hoje, ao contrário de há oito anos, o País vive uma crise grave, com estagnação económica, alto desemprego, fortes carências e contestações em múltiplos sectores. Iniciar nestas condições um debate sobre uma questão tão controversa e dolorosa parece loucura total.

Não é certamente por sérias razões políticas, sociais e de interesse nacional que o referendo vai ser marcado. Se tivesse sido imposto de fora, diríamos tratar-se de sabotagem inspirada por potências inimigas. Que o próprio Governo da República lance o processo é inacreditável.

Uma irresponsabilidade tão flagrante denuncia a presença do único elemento que pode determinar tal cegueira, o preconceito ideológico. Isso aliás é evidente nos argumentos apresentados. Os dois lados em debate esgrimem as suas razões, mas só um deles invoca o testemunho do progresso. Segundo os proponentes, uma das principais razões para mudarmos a nossa lei é a sua desactualização. Ouve-se com frequência dizer que esta nossa legislação é obsoleta, ultrapassada, a "mais atrasada da Europa". Abortar à vontade parece ser moderno.

É difícil imaginar como é que o tempo entra numa questão tão básica e perene como esta. O aborto, como o terrorismo ou o crime, não melhora com o desenvolvimento, flutua com a moralidade. Mas as marés ideológicas nunca seguem a lógica.

Há 30 anos, os defensores da economia colectivizada e planificada também se consideravam progressistas e avançados. Propor a ditadura do proletariado era então actual e dinâmico, enquanto a liberdade de mercado se mostrava antiquada e conservadora. Essa maré passou, e sabemos agora que a antevisão era não só um pedantismo intelectual insuportável mas um criminoso atentado contra a civilização e o bom senso. Os países que caíram na armadilha foram arrastados para desastres económicos de que só dificilmente ainda recuperam, enquanto as gerações seduzidas por tais ideologias se perderam debaixo dos escombros da sua tolice.

A maré mudou e agora o mesmo tipo de raciocínio passou dos inimigos da liberdade económica para os que atacam a família e a vida (que aliás são, em geral, os mesmos). Com uma diferença fundamental. De facto, o sistema colectivista tinha à partida hipóteses teóricas de funcionar. As dificuldades de implantação revelaram-se insustentáveis, mas ao nível da concepção está demonstrada a equivalência potencial de resultados entre economia dirigida e descentralização mercantil. Pelo seu lado, a liberalização do aborto não tem nenhuma hipótese de futuro. Na dinâmica das civilizações, a dissolução doméstica, promiscuidade sexual e obsessão venérea são sempre sinais de decadência, não de desenvolvimento. Aliás, a Europa vive já uma grave crise de valores e uma catástrofe demográfica, que lhe serão fatais na dinâmica global dos blocos. Precisamente porque a sua cegueira ideológica é avassaladora.

Um sinal disso vê-se nos jornais que, como sempre, são escravos das modas intelectuais. Aliás, uma das poucas vantagens do período de referendo é que os meios de comunicação social serão obrigados a abandonar a descarada defesa do aborto, para fingirem uma imparcialidade forçada. Esse foi um dos factores que permitiu há oito anos que, silenciada a "opinião pública oficial", se manifestasse a verdadeira atitude dos portugueses.

A maré vai mudar. Entretanto a alteração da lei tem um aliado perigoso: o comodismo burguês. Não faltam os que dizem coisas como: "Eles não nos largam com isto, o melhor é deixá-los mudar a lei para ver se se calam." Além de cobarde e cínico, trata-se de um erro clamoroso. Porque "eles" não se vão calar, tal como os revolucionários da geração anterior só pararam diante da catástrofe económica. Reforçados com uma evental vitória que a cobardia lhes concedesse, iriam promover outras mudanças, menos sangrentas mas mais depravadas.

Portugal em 1998 conseguiu conter a principal maré ideológica do nosso tempo. Se o aborto tivesse sido liberalizado, sofreríamos agora a confusão de temas que países próximos, com leis mais "avançadas", sofrem. E viveríamos os terríveis estragos humanos que por lá se vivem.

João César das Neves

Retirado do Diário de Notícias, 15 de Outubro de 2006. J.C. das Neves está na Alameda Digital.

domingo, outubro 15, 2006

O primeiro fim da História


Quase todos os povos – a começar pela França – possuem cadáveres nos armários.

Há exactamente 200 anos, em Jena, e verificando o triunfo napoleónico sobre o Exército prussiano, o filósofo Hegel escrevia sobre o evidente “fim da história”. Esmagando as tropas de Frederico Guilherme, do duque de Brunswick, do príncipe Holenhoe e do general Von Ruchel, as águias da nova revolução francesa impunham uma nova ordem na Europa. Parecia eterna.

Lembrei-me disso quando ouvia as palavras do chefe do Estado-Maior do Exército inglês, Richard Dannatt, explicando que é tempo de começar a pensar em maneiras de sair do Iraque.

As discussões dão-se também em Washington, e tornar-se-ão mais prementes depois das eleições de Novembro, se as duas câmaras mudarem de mãos. A política ocidental no Iraque não pode ser motivada pela ilusão do fim da história, nem pela teimosia, nem pelo dogma. E os iraquianos são, presumivelmente, suficientemente crescidos para tratar de si. Se não forem, devem requerer, a qualquer tribunal internacional, um tutor permanente.

MEMÓRIA E PALAVRA (1)

Desde há muito que se formou o consenso, dentro e fora da Turquia, sobre o sofrimento dos arménios, pelo menos desde o termo das guerras com a Rússia, no fim do século XIX, até 1923.

Um tribunal marcial de Ankara declarou culpados, em 5 de Julho de 1919, vários membros supremos do Partido Ittihad, Terakki e do CUP (instituições fundamentais da facção antiliberal do movimento Jovem Turquia), pelos excessos praticados contra a nação arménia. Os acusados incluíam o ex-primeiro-ministro Mahmet Talaat Paxá, e os ministros da Guerra, da Marinha e da Cultura, entre outros. Os actos referenciados tinham sido praticados em 1915, e as condenações à morte foram proferidas.

Tratou-se de ‘genocídio’, ordenado pelo Estado turco, ou de actos de deportação, perseguição e assassínio, perpetrados por facções e bandos imperiais, nacionais e locais? Tratou-se de um plano concertado e pensado, ou de um conjunto de actos com causas várias?

E como foram tratados os arménios, na experiência da URSS?

MEMÓRIA (2)

Em suma, é importante discutir, redescobrir e reconhecer o passado. Nenhuma norma deve impedir essa busca, essa dúvida, esse processo. Sendo assim, a lei francesa que criminaliza quem ‘negar’ o genocídio arménio, não é menos imbecil do que as leis turcas que interditam a menção do mesmo.

Se começarmos a olhar para o passado, quase todos os povos – a começar pela França – possuem cadáveres nos armários.

A pilhagem napoleónica na Europa e no Mundo, o massacre dos contra-revolucionários da Vendeia, a repressão da Comuna de Paris (pelo Exército imperial derrotado em Sedan, providencialmente libertado pelos alemães para ‘repor a ordem’ na capital) são apenas alguns desses momentos.

Por outro lado, os políticos franceses que querem ajustar contas com a Turquia actual, e impedi-la de aderir à UE, deviam ser mais sinceros nos argumentos. Não vale a pena culpar os netos pelos pecados dos avós.

Nuno Rogeiro

Retirado do Correio da Manhã, 15 de Outubro de 2006.

sábado, outubro 14, 2006

...

Nós, os descontentes

Setenta mil pessoas estiveram ontem na rua contra o Governo de José Sócrates, num protesto organizado pela CGTP. A manifestação serviu para mostrar o descontentamento maciço com as políticas do Governo. E que descontentamento é esse? Na lista de reivindicações dos manifestantes havia exigências corporativas (a recusa da reforma da adminis- tração pública), pruridos ideológicos (a defesa da escola pública) e posições de mera politiquice (o pedido de divulgação dos subsídios do Estado aos gestores que fizeram parte do Compromisso Portugal). Razões diversas, méritos diversos. Mas havia depois, como sempre, um desconforto e uma decepção mais profunda de quem não vê a crise desaparecer, de quem não tem expectativas, de quem perdeu o que tinha, de quem está com medo, de quem não quer pagar o preço de reformas e mudanças inevitáveis, de quem sofreu injustiças a sério e de quem finge que sofreu injustiças a sério, de quem não sabe o que fazer e de quem só não quer saber o que fazer. É precisamente sobre este descontentamento difuso, instintivo, que gostaria de falar.

Porque eu não estive ontem na rua e nada me liga ao mundo sindical e muito menos à CGTP. Nem quero fazer comparações displicentes. Só que eu, confesso, também me sinto descontente. Como os 70 mil de ontem, eu sou um descontente. E estou descontente porque também eu não sei nada do que para aí vem. Sei pouco: sei que dependo de mim, do meu trabalho, das minhas possibilidades, da minha sorte; sei que tenho de pagar a minha formação e saúde; e tenho de pensar na minha reforma e fazer os meus descontos; e usar a minha liberdade; e trabalhar mais horas e mais precariamente; e mudar de vida quando a vida me desiludir. E hei-de queixar-me sempre, provavelmente, tantas vezes como agora me queixo.

Eu sei disso. E também não gosto disso. Eu sou um descontente porque também eu preferia um mundo em que a segurança, a certeza e a protecção prevalecessem. Quem, se puder escolher, não prefere? Mas já não é possível escolher. As facilidades do passado não são repetíveis. Não se evita a realidade.

Pedro Lomba

Retirado do Diário de Notícias, 14 de Outubro de 2006.

...

quinta-feira, outubro 12, 2006

...

Monteiro escreve a Cavaco para que não convoque referendo sobre o aborto


Manuel Monteiro escreveu, ontem, uma carta ao Presidente da República, Cavaco Silva, solicitando-lhe que pondere a oportunidade da convocação do referendo sobre a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, por entender que "a esmagadora maioria dos portugueses não está preocupada nem motivada para uma participação eleitoral desta natureza".

"Atendendo à forma como o assunto vem sendo abordado, corremos o risco de assistir, uma vez mais, a uma imensa taxa de abstenção, colocando- -se assim em perigo a própria figura do referendo", afirma Monteiro na carta, a que o PÚBLICO teve acesso.

"Salvaguardando aqueles para quem o folclore político é sempre mais importante do que a discussão serena e séria, a realização deste referendo, em Janeiro, apenas aproveitará aos que desejam adiar as decisões estruturantes sobre o futuro do país", refere o presidente do Partido da Nova Democracia (PND), observando: "A avaliar por muitas opiniões já conhecidas, desde logo a de altos dignitários da Igreja, a vontade na realização do referendo parece apenas animar quem verdadeiramente nunca neste instituto acreditou."

Ao PÚBLICO Manuel Monteiro lembra declarações que o Presidente da República proferiu durante a campanha eleitoral para as presidenciais, segundo as quais "a questão do referendo não era uma questão fundamental para o país".

"Enquanto candidato presidencial, Cavaco Silva disse isso várias vezes. E, se na altura não era uma questão fundamental, não me parece que em tão pouco tempo se tenha transformado numa questão fundamental", disse Monteiro, sublinhando que, do ponto de vista constitucional, o referendo é uma matéria é da responsabilidade do Presidente da República e não do Governo ou da Assembleia da República.

A proposta de realização de uma nova consulta popular, que partiu do grupo parlamentar do PS, vai ser discutida na Assembleia da República no próximo dia 19 de Outubro. Caberá depois a Cavaco Silva convocar o referendo, que poderá vir a realizar-se em Janeiro do próximo ano.

Via o Democracia Liberal.

Feliz aniversário Grande Líder


Hoje, no aniversário da subida ao poder do ‘líder inteligente’, é muito possível que tenhamos novidades.

A opacidade do regime norte-coreano faz com que as informações válidas cheguem sobretudo de dissidentes, de espiões, ou de antigos aliados. Em boa verdade, são mais interessantes as obras sobre trivialidades do poder, como os escritos do ex-cozinheiro japonês da presidência, Kenji Fujimoto. Interessa também seguir os media locais e falar com os diplomatas de Pyongyang, que continuam a tentar encontrar legitimidade exterior, do Uganda à ONU. Deve fazer-se isto antes de escutar as catilinárias (por coincidência, acertadas) contra o comunismo “pária”, o “modo de produção antigo”, ou o enlouquecimento do poder do “chefe supremo”.

Kim Jong Il, conhecido como Yuri na sua infância siberiana, tem 65 anos. Já foi o ‘Querido Líder’, e é hoje o ‘Grande Líder’ da República Democrática da Coreia do Norte. A morte do pai, Kim il Jung, deixou a presidência vaga, fechada num símbolo. O novo chefe viria a ser ‘apenas’ secretário-geral do partido dos trabalhadores, presidente do Conselho Nacional de Defesa e comandante supremo das Forças Armadas. É nesta tripla condição que Kim Jong Il prepara, desde 8 de Outubro de 1997, as linhas de sobrevivência do sistema político, em torno dos conceitos de auto-suficiência nacional (Juche) e predominância do factor militar ‘transparente’, na doutrina e prática da reunificação (Songun).

Grande Líder (2)

Na altura em que o MNE de Pyongyang explicava que a decisão de um teste nuclear derivava da “nova agressividade americana”, Kim Jong Il enviava mensagens de felicitações, por efemérides diversas, aos presidentes do Chipre, da Alemanha e da Nigéria. E o líder recebia ainda 500 comissários políticos do ‘exército de reunificação’, sob o olhar atento dos generais Jo Myong Rok, Kim Yong Chun e Kim Il Chol. Os gritos de saudação eram também clamores de guerra.

Hoje, no aniversário da subida ao poder do ‘líder inteligente’ (outro título comum), é muito possível que tenhamos novidades, numa ex-mina de carvão da zona de Gilju, na província de Hamkiung, mesmo ao pé da China. Se a experiência não ocorrer, temos de dar os parabéns a essa mesma China.

As ‘sanções’ de Moscovo à Geórgia, punindo antes de mais o povo, contrariam a linha geral humanitária da diplomacia russa, do Irão à Coreia do Norte. Mas são a ‘realpolitik’ de Putin.

Durante o Ramadão, época de sacrifício e compreensão, milícias ‘muçulmanas’ continuam a matar crentes do Islão. Viu-se em Tal Afar, a oeste de Mossul.

Os EUA precisarão de ser muito claros e sinceros quando o Parlamento Europeu divulgar o relatório sobre os voos da CIA. Qualquer outra coisa agravará o fosso.

Nuno Rogeiro

Retirado do Correio da Manhã, 08 de Outubro de 2006.

Amish, os últimos puritanos da América


Devo confessar que sempre fui fascinado pelos Amish, quando já ninguém se recorda que os E.U.A. foram colonizados por puritanos fartos da decadência da velha Europa a comunidade Amish sobrevive e dá exemplos que nem parecem do abominável mundo novo em que vivemos...
Fica aqui a minha singela homenagem!

Amish presentes no funeral do atirador


Dezenas de amish deitaram ontem as mágoas e a revolta para trás das costas e fizeram questão de estar presentes no funeral do homem que matou cinco jovens estudantes de uma escola da sua comunidade em Lancaster, no estado norte-americano da Pensilvânia.

O corpo de Charles Carl Roberts, de 32 anos, foi depositado num pedaço de terra pertencente à família da mulher, atrás de uma igreja metodista situada a escassos quilómetros da escola onde – faz hoje uma semana – o crime ocorreu.

A mulher, Marie, e os três filhos estiveram entre as aproximadamente oito dezenas – cerca de metade eram amish – de pessoas que assistiram ao momento em que o cadáver de Roberts foi enterrado junto ao túmulo cor-de-rosa e em forma de coração da primeira filha do casal, Elise Victoria, que há nove anos morreu após um parto prematuro. A morte da menina mudou a vida de Roberts, deixando-o zangado com Deus e consigo próprio. O atirador – recorde-se – começou por fazer vários reféns e em seguida disparou com uma arma automática, aparentemente para intimidar as crianças. A Polícia cercou depois o edifício e o agressor deixou então sair os rapazes e algumas outras pessoas.

Depois, juntou as raparigas, amarrou-as e começou a alvejá-las, uma por uma. Segundo a Polícia, o atirador matou-as ao “estilo de execução”, atingindo-as na cabeça, e suicidou-se em seguida.

Roberts escreveu previamente uma nota dirigida à mulher, informando-a de que iria suicidar-se. Na mensagem aludia a crimes cometidos há 20 anos e acrescentava que, nos últimos tempos, sonhara repeti-los.

Paulo Madeira

Retirado do Correio da Manhã, 09 de Outubro de 2006.

quarta-feira, outubro 11, 2006

Correcção


Afinal a Magazine Grande Informação já tem presença na internet, mais ou menos - ainda está em construção.

MGI já nas bancas

Comprei hoje o último número da Magazine Grande Informação - já se torna necessária uma presença na internet - e era a última que tinham na banca, o que considero como muito bom sinal.
Neste número temos a estreia do D. Duarte de Bragança como cronista da publicação, sou adepto do Duque de Loulé, mas isso agora não é relevante, a revista é das melhores que tenho lido, de Direita conservadora, tradicionalista e patriótica... de leitura obrigatória.
Ah, notei também que a revista investiu em publicidade em vários placards da zona de Lisboa, recordo que gostei bastante da frase publicitária, patriótica e directa, mas agora não me recordo da mesma.

terça-feira, outubro 10, 2006

Outono

Com a refrescante chuva e o calor da minha sala, não resisti a partilhar um pouco de Leonard Cohen e Nick Cave com vossas excelências... pequenos prazeres.

...

A caminho do partido único

Existem diferenças acentuadas entre o estadista, o político e o demagogo. O estadista é o político que, alicerçado em princípios, leis, teorias e doutrinas, possui um ideário político e pensa não apenas no curto prazo, mas também no longo prazo, no futuro de nosso país, no bem estar das novas gerações. Infelizmente, é figura rara nos dias de hoje, no mundo inteiro. O político tradicional é aquele que pensa apenas em sobreviver, visualizando somente o curto prazo, correndo atrás de verbas e cargos para garantir a reeleição, sempre no poder, seja qual for a ideologia e o partido. Troca de filiação partidária de acordo com seus interesses, desde que permaneça ao lado do governo federal, estadual ou municipal. E o demagogo é o político que, em busca da vitória, promete o impossível, descumpre o prometido na campanha, pois busca apenas o poder pelo poder, ultrapassando o político tradicional no quesito "engano à população". Numa análise rápida, é possível para o leitor mais atento qualificar os atuais detentores de cargos políticos, em uma das categorias acima mencionadas.

O atual "espetáculo" proporcionado pelos nossos "políticos" é de estarrecer. A troca desenfreada de partidos, o esquecimento das bandeiras defendidas no passado, alianças espúrias efetivadas, o clientelismo desenfreado, o assistencialismo enganoso, o nepotismo desvairado mostram o baixo nível de cultura política existente. Ao presenciarmos a corrida pela função de relator da "reforma tributária" no Senado entre os senadores Renan Calheiros e Romero Jucá, recordamo-nos de que sempre estiveram no poder. O primeiro, de tradicional família alagoana, serviu a todos os presidentes da República, desde Fernando Collor, em postos de destaque. Chegou a ser líder do governo, ministro da Justiça de FHC e, agora, cotado de novo para ser ministro da administração Lula. O segundo, que também quer ser ministro, tem suas origens políticas no período militar, destacando-se sempre pela defesa intransigente de qualquer governo, seja FHC ou Lula. São modelos de incoerência ideológica. Apenas, não por coincidência, são hoplófobos assumidos.

A razão verdadeira de procedimentos como o exposto está na busca de verbas, cargos e nomeações para garantir a reeleição ou posições mais prósperas. Verificamos a diminuição das bancadas do PSDB, do PMDB e do PFL e o "inchaço" das bancadas aliadas do governo, em especial do PL e do PTB, enquanto o PT procura preservar-se. Ora, os distintos chefes políticos tradicionais não estão enxergando um palmo a frente. O PT, ao ganhar a eleição para a Presidência da República, obteve o poder de nomear dezenas de milhares de integrantes de seus quadros partidários para os principais cargos de comando no país. Para os partidos aliados está oferecendo "migalhas". O PMDB, então, está engajado no apoio a todas as "reformas", altamente desgastantes, sem ter um ministério ainda, por conta de promessas.

Nas eleições municipais de 2004 a meta do PT, hoje com cerca de 180 prefeituras, é de vencer em mais de 1.000. Imaginem, se isto de fato ocorrer, as conseqüências. Serão mais dezenas de milhares de cargos para os seus quadros políticos. Aliando-se a isto o poder da mídia, quase que inteiramente dependente das concessões públicas e das verbas publicitárias provenientes em especial da administração federal, encontramos um cenário preocupante. Apesar das diversas correntes que abriga, o PT adota o centralismo democrático modelo cubano e sabe impor a sua vontade aos eventuais contestadores. Se este panorama for concretizado, com a "eleição eletrônica" e mais um ou dois ministros do Supremo Tribunal Federal nomeados, estarão criadas as condições para o surgimento de um rolo compressor nas eleições de 2006, garantindo não só a reeleição de Lula, como a conquista da maior parte das administrações estaduais. Serão mais dezenas de milhares de quadros partidários nomeados para cargos de confiança, fechando a teia de aranha. E é bom não esquecer o dízimo. A arrecadação do PT com a cobrança da contribuição partidária compulsória o tornará o partido mais forte da América Latina. Em paralelo com o crescente esvaziamento dos demais, em virtude principalmente do fisiologismo, em mais três anos, não necessitará mais do apoio de outro partido, pois será forte o suficiente para governar sozinho.

Estarão criadas as condições para a implantação de um partido único, de fato, sectário, radical, perseguidor dos que não pensam como eles, conforme já está ocorrendo nas principais estatais brasileiras, permitindo-se a sobrevivência de alguns, apenas para afirmação da falácia de que vivemos em uma democracia, a exemplo do passado, com a Arena e o MDB. Será que os ilustres dirigentes partidários de outros partidos não estão percebendo o perigo que estão correndo? A única saída é a união de todos, em torno de um projeto democrático, para evitar a ditadura de fato, enquanto é tempo. Na realidade, como na estória do ovo com o bacon, na sociedade entre os porcos e as galinhas, estão entrando com o bacon, enquanto o PT fornece os ovos.

Marcos Coimbra

Brasil Soberano

...

O porquê do referendo


A afirmação do cardeal-patriarca de que o "aborto não é um problema religioso" seguiram-se diversas reacções, quase todas de carácter partidário e ideológico, cada uma fazendo as interpretações que mais lhe convinha.

No entanto, D. José Policarpo não disse nada de novo, limitando-se a repor a questão onde ela sempre esteve: no plano ético, dos direitos humanos fundamentais. É, por isso, uma questão de sociedade e de Estado. Se assim não fosse, para quê leis e referendos? Alguma vez se nos ocorreria submeter a referendo uma questão religiosa num Estado laico?

O aspecto mais determinante, mais profundo e mais rico deste debate prende-se claramente com o confronto entre dois conceitos de vida humana, sua protecção e dignidade.

E é por isso que a lei deverá seguir o veredicto popular expresso no referendo, tendo este mecanismo de consulta excepcional sido considerado, como indispensável, pelas forças políticas.

A moral religiosa, por seu lado, tem a vantagem de ser muito clara, quer quanto ao valor da vida humana e ao imperativo da sua dignificação, quer quanto à referência desta ao acto criador de Deus estabelecido na sua própria "imagem e semelhança".

A Igreja, instituição secular, ama, vive e convive com a condição humana e, salvaguardando sempre o núcleo duro dos valores essenciais da fé, tem recebido com extrema lucidez tudo o que foi marcando a evolução da Humanidade.

São planos completamente distintos que naturalmente se juntam no intelecto e no coração de muitos portugueses. Sem contudo se confundirem.

Como católica fico tranquila com esta clarificação, não porque a veja como um sinal de "libertar" o debate do aborto, mas como uma chamada de atenção para as responsabilidades de todos, enquanto cidadãos, decidindo num plano político, societário e de Estado, e não apenas por convicções religiosas.

Ou seja, estas declarações, colocando a Igreja no seu lugar, relembram a natureza própria das responsabilidades dos partidos e, sobretudo, dos cidadãos individualmente considerados ou organizados em plataformas para o efeito.

E ainda, julgo eu, a necessidade de construírem um argumentário assente não apenas em crenças religiosas ou reacções ideológicas pouco racionais, mas numa análise profunda e séria da sociedade, da evolução da ciência nesta matéria e do conflito de direitos que lhe está subjacente.

É por isso que neste referendo temos de ser mais sérios, exigentes e esclarecidos, se queremos que a decisão dos portugueses se forme num quadro amplo de análise dos inúmeros aspectos, pluridisciplinares, que se entrecruzam.

Todo o fundamentalismo é de rejeitar, por obnubilador do que realmente se discute, obscurecendo as premissas do debate e da escolha.

A comunidade científica, médicos, biólogos, juristas, não podem estar ausentes da tarefa de informar a opinião pública no dever da partilha do conhecimento e do combate ao facilitismo da ignorância.

É hoje impossível não colocar sobre a mesa a questão fundamental do estatuto jurídico do embrião, cuja necessidade foi reconhecida, por exemplo, pelas duas resoluções de 16 de Março de 1999 do Parlamento Europeu, a propósito das questões éticas e jurídicas da engenharia genética e da reprodução medicamente assistida.

Ou a Convenção sobre os Direitos do Homem e a Biomedicina, também conhecida pela Convenção de Oviedo, elaborada pelo Conselho da Europa e ratificada por Portugal em 2001.

De facto, algumas décadas atrás, o ser humano não nascido estava ausente da vida social. Hoje, ele é directamente observável, objecto de terapêutica médica, "sujeito" de cuidados de saúde. O que levou a que o corpo da mãe se tenha tornado mediador incontornável das vias de conhecimento, contacto e acção sobre o ser humano não nascido.

Desapareceu a base empírica da oposição, fundamental entre o ser nascido - visível e imediatamente presente na vida social - e o ser não nascido, inacessível e oculto.

O ser humano não nascido aparece agora, e aparecerá no futuro, em contextos sociais cada vez mais extensos, como uma entidade ética e jurídica por si mesma.

Para concluir que esta discussão não pode ser feita como na década de 60, porque tudo mudou e o quadro é hoje claramente de conflito entre direitos. O proclamado direito da mulher ao seu corpo e o direito do embrião a desenvolver-se e a nascer.

Maria José Nogueira Pinto

Retirado do Diário de Notícias, 06 de Outubro de 2006.

Segurança e imigração

Lamento imenso, recebi o convite no dia 6, mas como estive fora os últimos 4 dias e só actualizei o blogue de corrida nem fui a tempo de anunciar em tempo útil, é daqui a uma hora...

segunda-feira, outubro 09, 2006

Recém chegados

A República dos Desalinhados surgiu em linha, reservo o direito de linkar quando surgir mais algum conteúdo.

Racista?

Ler aqui esta divagação de Henrique Raposo.

sexta-feira, outubro 06, 2006

Ontem não comemorei nada

...



Esta vai dedicada ao Miguel Castelo Branco.

...

...

...

Mas quais Morangos Com Açúcar!

...

...

...

...

...

quinta-feira, outubro 05, 2006

Porque cresce a “direita dura”?

Na última Atlântico, em artigo centrado na realidade portuguesa, Rui Ramos referiu-se aos segmentos que gostam de invocar para si o título de “direita dura” como constituindo, na realidade, uma direita esquerdizada. Salientou também que são segmentos cuja actuação interessa à esquerda, precisamente por corresponder de forma quase perfeita à representação caricatural que esta gosta de fazer da direita. É, sem dúvida, uma tese interessante, mas valerá a pena salientar também que, na conjuntura actual da Europa, cabe à direita liberal mostrar ser capaz de enfrentar os problemas estruturais (e, não menos importante, os desafios civilizacionais) com que o continente se confronta. Se isso não acontecer, não será de espantar que a proclamada “direita dura” volte a emergir como uma força relevante na arena política europeia.

Um exemplo desta dinâmica provém do Reino Unido onde, nos últimos anos, o Partido Nacional Britânico (BNP) cresceu de forma significativa. A ponto de os resultados nas recentes eleições locais (em que o BNP conseguiu fazer eleger mais de 30 vereadores) e nas eleições europeias de 2004 (em que o BNP obteve uns expressivos 4,9% dos votos) terem feito soar os alarmes. A verdade é que, em termos de eleições legislativas, o número de votos no BNP tem vindo continuamente a crescer desde os valores mínimos de 1987 (curiosamente coincidentes com o governo de Margaret Thatcher). Mais: não fosse o sistema “First Past the Post” em vigor no Reino Unido (segundo o qual, recorde-se, em cada círculo uninominal é eleito logo à primeira volta o candidato mais votado, mesmo que não tenha uma maioria absoluta) e o BNP já teria provavelmente representação em Westminster.

Um segundo bom exemplo, embora de natureza bastante diferente, é o caso do United Kingdom Independence Party (UKIP). Fundado em 1993, na London School of Economics, por Alan Sked e um conjunto de personalidades (na sua maioria conservadores, desiludidos com a deriva europeísta dos Tories e a incapacidade do partido para se opor ao aumento do poder de Bruxelas) o UKIP advoga de forma inequívoca a saída do Reino Unido da União Europeia. Em 2004, nas eleições europeias, teve um resultado ainda mais expressivo do que os 4,9% do BNP: conquistou 12 lugares no Parlamento Europeu, obtendo cerca de 16% dos votos.

Acresce que, tanto o UKIP como o BNP, conseguiram esses relativos sucessos eleitorais apesar de serem partidos com graves problemas internos, inconsistências programáticas e limitações a vários níveis. No caso do BNP – a mais recente encarnação de uma linha de organizações de direita nacionalista que nunca foram particularmente bem sucedidas no Reino Unido – é notória a falta de quadros, para além do partido enfrentar sérios problemas financeiros e com a justiça britânica, além de um forte bloqueio mediático.

Já o bom desempenho, no início dos anos 1930, do New Party – liderado pelo carismático (e ex-trabalhista convertido ao fascismo) Oswald Mosley – acabou por ser de curta duração; o mesmo aconteceu com várias organizações e movimentos nacionalistas que nasceram ao longo das décadas seguintes, que também nunca atingiram uma expressão significativa de forma sustentada.

Por outro lado, o UKIP, para além de ser percepcionado como um partido de objectivo único, tem também uma longa série de conflitos internos na sua breve história. Aliás, logo em 1997, o fundador Alan Sked abandonou o partido, tendo desde então vindo a acusar o UKIP de albergar elementos extremistas. Sem esquecer que os euro-deputados do UKIP são frequentemente alvo de acusações de incompetência grosseira pela sua actuação em Estrasburgo.

Assim vendo, como explicar os progressos recentes de partidos como o BNP e o UKIP?

Uma boa parte da resposta deverá passar pelo facto de no Reino Unido (como em outros países da Europa Ocidental) a auto-proclamada “direita dura”, apesar de todas as suas limitações, estar a conseguir capitalizar de forma crescente a insatisfação de importantes segmentos da população com a ausência de reais alternativas às políticas da esquerda em várias áreas cruciais. Um vazio de alternativas que é notório em matérias como o alinhamento pleno das principais forças europeias de centro-direita com a transferência de cada vez mais poder para Bruxelas, a inexistência de uma agenda económica verdadeiramente liberalizante e reformista. O laxismo face à criminalidade e a desordem pública, a subserviência às desastrosas utopias do multiculturalismo e a incapacidade de combater seriamente os fluxos de imigração ilegal.

A evolução recente no Reino Unido ilustra bem que não basta apontar as limitações e incoerências da direita anti-liberal para lhe retirar o campo de manobra e estancar as suas perspectivas de crescimento. Cabe à direita liberal apresentar propostas mobilizadoras, consistentes e verdadeiramente alternativas à agenda da esquerda demonstrando assim que as acusações de “moleza” são desprovidas de fundamento.

André Azevedo Alves

Retirado da Atlântico, Outubro de 2006.

terça-feira, outubro 03, 2006

Proibições


Cada vez tenho mais saudades do tempo da Guerra Fria, em que havia um inimigo perigoso e bem definido e as democracias ocidentais precisavam de afirmar constantemente que tinham mais e melhor liberdade do que os regimes concentracionários de Leste. Caído o Muro de Berlim e finada a URSS, parece que os governantes ocidentais deixaram de ter necessidade de demonstrar a superioridade cívica, política e moral do sistema democrático. Nos EUA como na Europa, avolumam-se os constrangimentos e restrições às mais elementares liberdades, sob o pretexto de «defesa» dessas mesmas liberdades, pondo os cidadãos num permanente transe de temor com o mantra da «segurança» , intimidando-os com o lixo de teorias simpáticas como o multiculturalismo ou fazendo chocalhar o papão do racismo. Enquanto que nos EUA o Patriot Act vai roendo as liberdades civis, na velha Europa proibem-se partidos políticos. Esta semana, na Bélgica, o Supremo Tribunal resolveu extingir o nacionalista Vlaams Blok, o maior partido da Flandres - um milhão de votos nas últimas europeias, 24 por cento dos eleitores -, alegando que este pratica a «incitação permanente à segregação e ao racismo». O Vlaams Blok é fortemente crítico da política de imigração belga e do fluxo de imigração islâmica em particular - o que torna esta organização «racista» muito popular entre a comunidade judaica da Flandres -, insistindo que os imigrantes não europeus que desejem ficar na Bélgica adoptem os valores e costumes do país, sem o que, e em casos extremos, deverão ser deportados. Pois o Vlaams Blok foi riscado do mapa político belga não por vontade dos eleitores, mas pela arbitrariedade de um tribunal. Será que a seguir vão proibir aos votantes do Vlaams Blok o acesso às urnas e fazer-lhes buscas às casas e computadores à procura de material «segregacionista e racista»? Cada vez tenho mais saudades do tempo da Guerra Fria...

Eurico de Barros

Retirado do Diário de Notícias, 13 de Novembro de 2004.

O 'Código'


Confesso que só consegui ler aí umas 50 páginas de O Código Da Vinci, de Dan Brown, antes de o pôr de lado e passar a leituras mais interessantes. Nunca fui grande adepto desta modalidade de ficção conspirativo-esotérica e pseudo-histórica em banho de thriller, que exige o talento, a erudição e o sentido de humor de um Umberto Eco para conseguir a minha suspensão da descrença. Assim não pensam os milhões de ávidos compradores do livro em todo o mundo, muitos dos quais já se deram ao trabalho de ir visitar os locais referidos no enredo da obra (caso do Louvre, em Paris, e da Igreja de Santa Maria Delle Grazie, em Milão) em excursões organizadas para o efeito, e ainda esportularam uns cobres extras para comprar os livros que, por sua vez, se propõem, muito seriamente, «descodificar» a obra de Dan Brown. O fenómeno do best-seller não me faz espécie, tudo pelo contrário. O que me mete impressão é que haja pessoas - e não são poucas - que encarem uma construção ficcional baseada em dados pretensamente históricos, fantasias esotéricas e interpretações descabeladas de obras de arte (a Última Ceia, de Leonardo Da Vinci), como uma obra rigorosa de não ficção, que supostamente traz à luz «verdades» ocultas, secretas e «incómodas» para instituições poderosas como a Igreja Católica (um alvo muito original, sem dúvida...). Como também me impressiona que pessoas responsáveis se dêem ao trabalho de fazer palestras para rebater, enfática e laboriosamente, as «teses» de Dan Brown, como foi o caso, ontem, do padre Carreira das Neves, em Lisboa. É dar ao livro uma importância que ele não tem nem nunca terá. Acreditar em O Código Da Vinci é um pouco como acreditar em Os Salteadores da Arca Perdida, mas a verdade é que a credulidade humana tem uma profundidade abissal. E quem a sabe explorar industrialmente é quem ri por último, enquanto deposita mais umas royalties no banco.

Eurico de Barros

Retirado do Diário de Notícias, 20 de Novembro de 2004.

O Povo sem futuro


A Europa está em vias de extinção. Esta afirmação não é uma acusação, profecia ou aviso. É simples extrapolação das tendêncisa recentes. Não é para já nem será súbito, mas no remanso do nosso quotidiano seria bom saber que estamos envolvidos numa linha de decadência. Perante os bizantinos decretos da Comissão e os palavrosos debates do Parlamento Europeu, talvez fosse conveniente conhecer este «pequeno» detalhe.

A primeira dimensão da extinção é quantitativa: a população europeia está em queda absoluta. Num mundo em crescimento, esta perda constitui uma força decisiva. Nas previsões da ONU (State of World Population 2004, UNFPA), constata-se que os 25 países que constituem a actual União Europeia (UE25) vão perder mais de 23 milhões de pessoas até 2050. Portugal perde um milhão, mais que a média. Como o globo no mesmo período aumentará mais de 2500 milhões de pessoas, o peso demográfico da Europa cairá acentuadamente.

Actualmente, a UE25 representa 7,1% da população do mundo e descerá para 4,8% a meio do século. Isto tem consequências sérias face aos vizinhos. Os Estados Unidos, ganhando 112 milhões de pessoas no período, mas caindo ligeiramente em percentagem de 4,7 para 4,6%, vão, apesar disso, ultrapassar em importância os 15 países da recente União Europeia (UE15), reduzidos dos 6% do mundo hoje a 4,1% em 2050. O mundo árabe, que representa agora só 4,9%, irá ultrapassar não só a UE15 mas também a UE25, atingindo 7,1% do planeta daqui a 46 anos.

O problema é elementar: os europeus desistiram de ter filhos. Isso, só por si, condena-os à irrelevância. Para mais, porque a reduzida dinâmica de população que ainda temos vem sobretudo dos imigrantes.

Assim, esta Europa será, não só muito mais pequena, mas crescentemente árabe, africana e oriental. Os europeus do futuro serão decididamente estranhos à tradicional cultura europeia. Goste-se ou não, assim será.

O facto quantitativo é agravado pela confusão ideológica e estratégica de que padecem os europeus. A União parece ser a única zona do mundo que não sabe o que quer, ou que quer coisas inconsistentes.

Enquanto os outros blocos lutam por afirmação civilizacional, desenvolvimento produtivo e influência político-militar, a Europa está apostada em debates conceptuais e abstractos que, mesmo se resolvidos, só confirmarão o crepúsculo.

A cultura europeia é a única que renegou as suas origens civilizacionais e se esgota em controvérsias axiais. O que excita os europeus é discutir a liberdade do aborto, droga e tabaco, a redução do horário de trabalho, a defesa do prazer livre e «famílias alternativas», a ambiguidade nas alianças geostratégicas. Não admira que daí resulte a estagnação, o desnorte, a corrupção. A desorientação é a causa da referida queda demográfica e cultural. Num mundo que será em breve muito diferente, com China, Índia e Islão em florescente influência político-económica, não valerá a pena perder tempo com a velha, gorda e pequena Europa, cuja relevância apela a hegemonias extintas.

Estes sintomas, já os vimos em tantas civilizações e impérios que não são difíceis de diagnosticar. Quem envereda por esta estrada encontra no termo a triste vacuidade. O processo ainda será longo, atribulado, doloroso. Mas, se os europeus não mudarem drasticamente o rumo, serão extintos. O Papa explicou a razão em 1996: «Um povo que mata os seus filhos não tem futuro.»

João César das Neves

Retirado do Diário de Notícias, 29 de Novembro de 2004.

O caldo da portaria


Portugal está mesmo em crise. Acaba de sair uma nova edição d'As Farpas de Eça de Queiroz preparada pela prof.ª Maria Filomena Mónica (Principia, 2004).

Isso foi pretexto para vários comentadores notarem a semelhança entre as tristes descrições do genial romancista e as actuais. Ler os textos de 1871-72 é como ler os nossos jornais.

Ninguém referiu o profundo abismo que nos separa do Portugal de Eça.

A nossa taxa de mortalidade infantil nos finais do século XIX andava pelas 150 mortes por mil nascimentos; agora está em quatro. O analfabetismo caiu de 88% para menos de 9%. A esperança de vida ao nascer subiu de menos de 40 anos para mais de 75 e o nível de vida aumentou quase 40 vezes no período. O Portugal d'As Farpas estaria hoje ao nível da Serra Leoa, Tanzânia ou Burundi. A violenta prosa de Eça criticava outro mundo.

Mas em certo aspecto a semelhança é justa e adequada. Se no campo económico-social o País ultrapassou os seus sonhos mais ambiciosos, há coisas que se mantiveram ou até pioraram. Por exemplo, a qualidade dos políticos não subiu e a dos comentadores degradou-se muito desde o tempo em que a assinatura era de Eça ou Ramalho. Sobretudo permaneceu o elemento que estava no centro da crítica d'As Farpas e que volta a estar no núcleo da actual crise.

Este processo desde 1974 está ligado a três D's. Nos primeiros dez anos a preocupação central foi a Democratização; nos dez seguintes foi o Desenvolvimento; nos últimos dez anos veio a Dissipação. Passados os choques da revolução de Soares e da Europa de Cavaco, deu-se uma imperceptível mudança estrutural na sociedade. Desde Guterres, o País aproximou-se decisivamente do Portugal de Eça.

Basta abrir os jornais para notar que as preocupações nacionais centram-se hoje em vários grupos, com apenas uma única coisa em comum o seu sucesso é independente do progresso.

Políticos, jornalistas, funcionários, juízes, médicos, professores, polícias, militares, diplomatas são pessoas excelentes, com serviços decisivos ao País. Mas as suas promoções e remunerações estão, em geral, desligadas da dinâmica económica. O seu prestígio, carreira e salário provêm, não da competência e qualidade, mas de prescrições administrativas, regras burocráticas, negociações partidárias. São os primeiros a saber que, mesmo que o País estagne, vivem seguros e recebem diuturnidades.

O resultado está à vista. A recente divergência face à Europa não é grave, pois um país afasta-se sempre da média do grupo quando entra em queda. Preocupante é a hesitação e apatia da presente recuperação. Nestes meses de retoma da actividade, a economia portuguesa não reganha a vivacidade posterior às duas últimas recessões. O investimento não acelera. A Grécia e a Eslovénia já nos ultrapassaram. A paralisia vem dos que abancaram à mesa do Orçamento.

Ninguém como Eça para o descrever «Fomos outrora o povo do caldo da portaria, das procissões, da navalha e da taberna. Compreendeu-se que esta situação era um aviltamento da dignidade humana: fizemos muitas revoluções para sair dela. Ficamos exactamente em condições idênticas. O caldo da portaria não acabou. Não é já como outrora uma multidão pitoresca de mendigos, beatos, ciganos, ladrões, caceteiros, que o vai buscar alegremente, ao meio-dia, cantando o Bendito; é uma classe inteira que vive dele, de chapéu alto e paletó. Este caldo é o Estado.» (op.cit.p.29).

João César das Neves

Retirado do Diário de Notícias, 13 de Dezembro de 2004.

Já em linha


Alameda Digital. Depois da edição de lançamento, já disponível a número 1 desta revista digital.

Mais música às direitas

Senhoras e senhores, Toby Keith.

...

Fornada paleoconservadora de hoje



Se dúvidas houvesse sobre a inclinação conservadora deste blogue.

A vergonha


Você sabe que Israel realiza uma limpeza étnica no sul de Líbano? Israel ordenou que todos os aldeãos se retirassem, logo depois destrói suas casas e os assassina durante a fuga. Assim não há ninguém que volte e nenhum lugar para onde possam retornar, facilitando a ocupação do território, assim como Israel tem roubado a Palestina dos palestinos.

Você sabe que um terço dos civis libaneses assassinados pelos ataques de Israel contra bairros residenciais civis são meninos? É o que informa Jan Egeland, coordenador da ajuda de emergência da ONU. Diz que é impossível que a ajuda chegue aos feridos e aos que estão sepultados nas ruínas, porque os ataques aéreos israelenses destruíram todas as pontes e estradas.

Considerando a freqüência (quase permanente) com que Israel não atinge o Hezbolá somente os objetivos civis, poder-se ia imaginar que o fogo israelense talvez seja guiado por satélites dos E.U.A. e o sistema militar GPS de E.U.A. Não se surpreenda se os E.U.A. for cúmplice. Por que seria menos cruel o títere do que o titereiro?

Mas você não sabe destas coisas, porque os meios impressos e televisivos dos EUA não informam nada a respeito disso.

O presidente Bush está tão orgulhoso de si mesmo, você sabia que ele bloqueou todo esforço por deter a matança israelense de civis libaneses. Bush disse “NÃO” à ONU. Bush disse “NÃO” à União Européia. Bush disse “NÃO” ao premiê pró-norte-americano do Líbano, duas vezes. Bush se sente muito orgulhoso de sua firmeza. Os excessos israelenses o deleitam e ele adoraria poder fazer o mesmo no Iraque.

Você se torna um norte-americano orgulhoso com o fato de que “seu” presidente tenha dado a Israel luz verde para lançar bombas sobre colunas de aldeãos que fogem dos bombardeios israelenses, sobre comunidades residenciais na capital libanesa e por todo o país, contra hospitais, centrais elétricas, fábricas e lojas de alimentos, portos, aeroportos civis, pontes, estradas, sobre cada parte da infra-estrutura da qual depende a vida civilizada? Você é um norte-americano orgulhoso? Ou é um fantoche de Israel?

Em 20 de julho, “sua” Câmara de Representantes votou por 410 votos contra 8 a favor dos massivos crimes de guerra de Israel no Líbano. Não contentes em converter cada norte-americano num cúmplice dos crimes de guerra. “Seus” representantes, segundo a Associated Press, também “condenam os inimigos do Estado judeu”.

“Quem são os “inimigos do Estado judeu”?

São os palestinos, cuja terra foi roubada pelo Estado judeu, cujos lares e oliveiras foram destruídos pelo Estado judeu, cujos filhos foram mortos a tiros nas ruas pelo Estado judeu. São palestinos confinados em guetos, que não podem chegar a suas terras de cultivo ou ao atendimento médico, ou a suas escolas, que não podem dirigir por estradas na Palestina que foram construídas só para judeus. São palestinos, cujas antigas cidades foram invadidas por colonos sionistas militantes sob a proteção do exército israelense que bate e persegue os palestinos, expulsando-os de suas localidades. São palestinos que não podem deixar que seus meninos saiam de suas casas, porque serão assassinados pelos colonos israelenses.


Os palestinos que enfrentam o mal israelense são chamados “terroristas.” Quando Bush impôs eleições livres à Palestina, as pessoas votaram pelo Hamas. Hamas é a organização que enfrentou o Estado judeu. Significa, evidentemente, que Hamas é mau, antisemita, anti-norte-americano e terrorista. E.U.A. e Israel reagiram cortando todos os fundos do novo governo. A democracia só é permitida se produzir os resultados desejados por Bush e Israel.

Os israelenses nunca praticam o terror. Só os que se opõem a Israel é que são terroristas.

Outro inimigo do Estado judeu é o Hezbolá. Hezbolá é uma milícia de muçulmanos xiitas, criada em 1982, quando Israel invadiu o Líbano pela primeira vez. Durante essa invasão o Estado judeu, tão moralista, organizou o assassinato de refugiados em campos de refugiados. O resultado das atrocidades de Israel foi o Hezbolá, que combateu o exército israelense, derrotou-o e o expulsou, de modo humilhante, para fora do Líbano. Atualmente o Hezbolá não só defende o sul de Líbano, mas também fornece serviços sociais como orfanatos e atendimento médico.

Para facilitar a caça, os inimigos do Estado judeu são todos os países muçulmanos que não estão governados por um fantoche norte-americano, amigo de Israel. O Egito, a Jordânia, a Arábia Saudita e os emirados petroleiros se colocaram ao lado de Israel contra sua própria gente, porque dependem do dinheiro norte-americano ou da proteção norte americana contra seu próprio povo. Cedo ou tarde, esses governos totalmente corruptos, que não representam o povo que governam, serão derrubados. É apenas uma questão de tempo.

É bem possível que Bush e Israel não façam outra coisa que acelerar o processo em seu esforço frenético por derrubar os governos da Síria e do Irã. Ambos os governos têm mais apoio popular do que Bush, mas o louco da Casa Branca não sabe. O louco pensa que a Síria e o Irã serão conquistas fáceis” como o Iraque, onde dez orgulhosas divisões do exército dos EUA estão bloqueadas por uns poucos insurgentes com armas leves.

Se você ainda continua sendo um norte-americano orgulhoso, considera que com seu orgulho não um favor a Israel e nem aos E.UA.

No dia 20 de julho quando “sua” Câmara de Representantes, depois do “Senado dos E.UA., aprovaram a resolução de apoio aos crimes de guerra de Israel, o grupo mais organizado e poderoso em Washington, o Comitê Norte-Americano-Israelense de Assuntos Públicos (AIPAC) publicou rapidamente um comunicado de imprensa no qual proclama: “O povo norte-americano dá um apoio total à guerra “contra o terrorismo [de Israel] e compreende que devemos estar junto ao nosso melhor aliado neste tempo de crise”.

A verdade é que Israel criou a crise, ao invadir um país com um governo pró-americano. A verdade é que o povo americano não apóia os crimes de guerra de Israel, como deixaram em claro os resultados da sondagem rápida de CNN, mediante chamados a C-Span.

Apesar da visão israelense nas notícias fornecidas pela “informação” dos E.U.A., a maioria dos norte-americanos não aprova as atrocidades israelenses contra civis libaneses. O Hezbolá está situado no sul do Líbano. Se Israel está atacando o Hezbolá, por que caem bombas israelenses sobre o norte de Líbano? Por que caem sobre Beirute? Por que caem sobre aeroportos civis, sobre escolas e hospitais?

Agora chegamos ao ponto principal. Quando o Senado e a Câmara de Representantes dos E.U.A. aprovam resoluções em apoio aos crimes de guerra de Israel e condenam os que resistem à agressão israelense, o Senado e a Câmara confirmam a propaganda de Osama Bin Laden de que os E.U.A. apóiam Israel contra o mundo árabe e muçulmano.

Sem dúvida alguma Israel, com uma das maiores rendas per capita do mundo, é o maior receptor de ajuda externa dos E.U.A. Muitos acreditam que grande parte desta “ajuda” volta para a AIPAC, que a utiliza para eleger “nossos” representantes no Congresso.

Esta percepção não favorece Israel, cuja população diminui já que os mais inteligentes prevêem o que sobrevirá e partem. Israel está rodeado de centenas de milhões de muçulmanos que se transformam em inimigos de Israel pelas ações e políticas desumanas desse país.

No mundo muçulmano sempre tiveram a esperança de que os E.U.A. interviriam a favor de um compromisso e fariam com que Israel compreendesse que não pode roubar a Palestina e transformar todos os palestinos em refugiados.

Foi a esperança do mundo árabe. Por isso não derrubaram nossos fantoches. Graças a esta esperança os E.U.A. continua gozando de certo prestígio no mundo árabe. A resolução da Câmara de Representante, comprada e paga com o dinheiro de AIPAC, é o último prego no caixão do prestígio norte americano no Oriente Médio. Mostra que os E.U.A. é, definitivamente, o fantoche de Israel, como diz Osama Bin Laden e de acordo com a maioria dos muçulmanos.

Com o desaparecimento da esperança e da diplomacia, no futuro a única coisa que restará para os E.U.A. e Israel serão suas garras e seus dentes. O tão engrandecido exército israelense não pôde derrotar uma milícia maltrapilha no sul de Líbano. O tão envaidecido exército de E.U.A. não pôde derrotar uma revolta esfarrapada com armas leves, surgida de uma minoria da população em Iraque, insurgentes que, ademais, estão envolvidos antes de tudo numa guerra civil contra a maioria xiita.

O que farão os EUA e seu titereiro? Ambos estão cheios de arrogância e paranóia, para admitir seus terríveis erros. Israel e os EUA destruirão do ar a infra-estrutura do Líbano, Palestina, Síria e do Irã, para que a vida civilizada se torne impossível para os muçulmanos. Os EUA e Israel utilizarão armas nucleares para intimidar os muçulmanos a fim de conseguir que eles se ajustem aos desejos de Israel.

O genocídio de muçulmanos de uma ou outra forma é o objetivo declarado dos neoconservadores que controlam totalmente o governo Bush. O padrinho neoconservador Norman Podhoretz propugnou a Quarta Guerra Mundial (no pensamento neoconservador, a Terceira foi a guerra fria) para derrotar o Islã no Oriente Médio, desarraigar a religião islâmica e convertê-la num ritual laico formalizado.

O Pentágono neoconservador de Rumsfeld preparou uma nova doutrina bélica dos E.U.A. que permite o ataque nuclear preventivo contra estados não-nucleares. O neoconservador David Horowitz diz que ao massacrar civis palestinos e libaneses “Israel faz o trabalho do resto do mundo civilizado,” equiparando assim os criminosos de guerras com seres civilizados.

O neoconservador Larry Kudlow diz que “Israel faz o trabalho do Senhor” ao assassinar libaneses, uma afirmação que deveria dar o que pensar aos partidários evangélicos cristãos de Israel. Onde diz o Senhor: “vá e assassine seus próximos para poder roubar suas terras”? A história condenará eternamente os EUA pela cumplicidade do público norte-americano com estes crimes assombrosos.

Paul Craig Roberts

Música às direitas

Depois dos Hillsong United, apresento-vos os The Right Brothers. A música anterior dá pelo nome de "Momma, I Want To Live" (Mãe, quero viver), uma bela composição em favor do direito de nascer.

...

...

Uma manipulação cínica


A política americana em relação ao factor mais desestabilizador do Médio Oriente — o conflito palestino-israelense — destina-se a apoiar Israel e jamais ofender o lobby israelense.

Os políticos amerianos utilizam alguns dispositivos retóricos a fim de disfarçar esta política, pois isto garante não só a continuidade do conflito como uma oferta contínua de terroristas e uma crescente hostilidade para com a política externa americana naquela região. Eles usam retórica para simular estarem interessados numa solução.

Assim, não chamam as coisas pelos seus nomes correctos. Jerusalem Leste, o West Bank e Gaza não são "territórios disputados", nem tão pouco a Judeia e a Samária. Eles são territórios ocupados. Foram ocupados por Israel na guerra de 1967. Há uma antiga resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas intimando Israel a devolver aqueles territórios aos palestinos.

O nome adequado para colónias judias no território ocupado é colónias "ilegais". Os Acordos de Genebra, dos quais Israel é signatário, proíbem a colonização de territórios ocupados, bem como a expulsão da população nativa.

O nome certo para tácticas israelenses como a demolição de lares, a destruição de propriedade agrícola, o confisco de propriedades, a imposição de toques de recolher, o assassínio de oponentes políticos e o bloqueamento de estradas é "punição colectiva", a qual na maior parte do mundo é considerado um crime de guerra. Nenhum país civilizado pune pessoas inocentes pelos actos de um indivíduo. Nenhum país civilizado consente no assassínio.

Outro dispositivo retórico dos políticos americanos — sem dúvida um dos mais covardes do mundo — esconde-se por trás da proposição de que "as partes envolvidas devem chegar a um acordo". Isto é equivale a um polícia aparecer à porta de uma família cuja filha de seis anos foi violada e dizer: "A sua filha e o seu violador terão de resolver isto entre si".

Há uma enorme disparidade de poder — Israel tem-no todo os palestinos nenhum — de forma que colocar sobre os palestinos o fardo de negociar com os seus opressores é obscenamente irrealista. É exactamente como se o presidente Franklin Roosevelt e o primeiro-ministro Winston Churchill tivessem dito à Polonia depois de estar ser invadida e conquistada pelos nazis: "Vocês terão de negociar um acordo com o Terceiro Reich".

É ainda mais obscenamente irrealista dizer aos palestinos que eles são responsáveis pela segurança de Israel. Os palestinos, naturalmente, não tem qualquer Estado, não tem exército, não têm força aérea e não têm nada, ao passo que Israel é classificado por muitos como estando entre as 10 principais potências militares do mundo.

É Israel, à luz do direito internacional, como ocupante, que tem a responsabilidade de proporcionar segurança aos palestinos. Isto, naturalmente, é rizível. Durante 37 anos Israel dominou os palestinos nos territórios ocupados como um povo conquistado sem basicamente quaisquer direitos.

Finalmente, uma das coisas que mais enfurece as pessoas no mundo árabe é que o hábito dos políticos americanos de tomarem nota de todo israelense morto enquanto ignoram as morte muito mais numerosas de palestinos. A morte de qualquer ser humano causa pesar, mas o hábito americano de ignorar o sofrimento palestino dá a impressão de que os americanos consideram as vidas judias muito mais valiosas do que as vidas palestinas. E a verdade é que muitos americanos assim pensam.

Deve-se notar que todos os candidatos democratas evitam falar acerca do conflito israelense-palestino, ou, se não puderem evitá-lo, fazem a eterna promessa de apoiar Israel.

Isto não é de forma alguma a forma de actuação de uma grande potência. O efeito deste enorme acto de covardia política sobre o povo americano é que teremos de viver com o terrorismo que já desova e continuará a desovar durante gerações e gerações futuras. O preço da covardia política americana é o sangue de pessoas inocentes.

Charley Reese

...

Buchanan alerta para "morte do Ocidente"


Como se não bastasse o debate sobre imigração nos EUA estar ao rubro, alimentado pelas eleições legislativas de Novembro, um livro agora publicado procura inculcar medo no público americano.

Em Estados de Emergência: A Invasão e Conquista da América pelo Terceiro Mundo, Pat Buchanan diz que, "como Roma acabou, também o Ocidente está a acabar, pelas mesmas causas e, em parte, da mesma forma. O que o Danúbio e o Reno eram para Roma, o rio Grande e o Mediterrâneo são, para América e Europa, as fronteiras de uma civilização que já não está a ser defendida". Acrescenta: "As crianças nascidas em 2006 vão assistir nas suas vidas à morte do Ocidente."

Para quem pensa que Pat Buchanan - que se candidatou às presidenciais pelo Partido Reformador em 2000 - é um extremista de direita, sem consequências de maior, diga-se que na amazon.com, no domingo, o livro estava em 571.º lugar nas vendas, e na segunda-feira em 2º. Há muitos a dar-lhe ouvidos...

Buchanan está preocupado com a "reconquista", o movimento nacionalista mexicano de reconstituição de Aztlán, o império asteca, que incluiria o Sudoeste dos EUA. Diz Buchanan que, "preocupado com o seu legado, George W. Bush pode viver o suficiente para ver o seu nome entrar na história do seu país como o Presidente que perdeu o Sudoeste americano que James K. Polk ganhou para os EUA".

Segundo o autor, entre 10 e 20% de todos os mexicanos, centro- -americanos e caribenhos já vivem nos EUA e, se nada for feito, em 2050 haverá cem milhões de hispânicos no Sudoeste do país.

Para o evitar, propõe soluções radicais. Para começar, seria estabelecido um programa de deportações: qualquer estrangeiro que tivesse sido condenado ou pertencesse a gangs seria expulso. Ao mes- mo tempo, fazia reviver o sistema de quota máxima avançado por John F. Kennedy, em 1958, limitando a um máximo de 250 mil o número anual de imigrantes admitidos (actualmente, entram legalmente mais de um milhão).

Começaria imediatamente a construção de uma cerca dupla ao longo de toda a fronteira entre os EUA e o México (e "sem qualquer pedido de desculpas ao Governo mexicano"), projecto que calcula custaria 10 mil milhões de dólares.

Buchanan afirma que "está a haver uma fragmentação neste país. Em que ponto a diversidade cultural e racial se torna numa espécie de anarquia social? Como se consegue assim uma coesão social?" Rejeita o argumento de a América ser o "credo" da democracia, igualdade e instituições formadas pela Constituição, porque "a Constituição não criou a nação, a nação adoptou a Constituição" e os Pais Fundadores "partilhavam com uma nação em particular laços de sangue, solo e memória".

Para Buchanan, as civilizações morrem por suicídio, não assassinadas, e o liberalismo é a ideologia do suicídio ocidental.

Manuel Ricardo Ferreira

Retirado do Diário de Notícias, 26 de Agosto de 2006.

...

segunda-feira, outubro 02, 2006

...

Notícias do medo


No Ocidente, o Papa católico já apareceu na primeira páginas de um jornal com um preservativo pendurado no nariz, devido ás posições que então tomou condenando o seu uso. Mas no Ocidente não se podem fazer cartoons a humorizar Maomé.

No Ocidente há fimes sobre a Inquisição, livros como o Código da Vinci e a Bíblia é objecto de múltiplos desmentidos. Mas Theo Van Gogh foi assassinado porque fez um filme e disse coisas desagradáveis sobre o Islão. No Afeganistão raptam-se freiras católicas que não fazem mal a uma mosca nem consta que tenham licença de uso e porte de arma, queimam-se bandeiras, insulta-se tudo e todos, mas o Papa católico não pode citar autores desagradáveis para Maomé, quando fala de fé religiosa e de razão, numa lição académica. Agora é a música de Mozart que não passa nas óperas europeias porque o Islão não gosta.

Por outras palavras: o Ocidente deixou sequestrar a sua liberdade. Passo a passo, de cedência em cedência, de atentado em atentado, fomos lentamente deixando que nos invadissem outra vez.

Jorge Ferreira

Retirado do Democracia Liberal. Jorge Ferreira está no Tomar Partido.

O escândalo nacional e a surpresa da apatia


Acaba de ser publicado o relatório da "Comissão Técnica de Revisão de Vínculos, Carreiras e Remunerações na Administração Pública". Este facto, só por si, merece destaque, não pela raridade das comissões, que têm sido miríade, mas pelo quadro que traça do nosso funcionalismo. Os diagnósticos e propostas tendem a ser velhos e conhecidos; os números, esses são novos. A maior surpresa, porém, está na relativa apatia com que o documento foi recebido.

O texto confirma as piores suspeitas. O emprego na administração pública atingiu em 2004 o número astronómico de 755 mil pessoas, mais 117 mil que dez anos antes (p. 17), dez anos supostamente de rigor, reforma e contenção. Esse valor representa 14,7% do emprego nacional. A percentagem parece descer face a 2000, mas, retirando os 400 mil imigrantes que entretanto entraram, sobe bem acima dos 15%. As despesas com este pessoal representam 14,5% do PIB (p. 24) e 60,7% dos impostos (p. 31).

Níveis destes não têm paralelo na Europa, a não ser nos países nórdicos com sistemas muito diferentes. A Espanha, apesar das regiões, teve em 2000 apenas 12% do emprego no Estado (p. 26) e despesas de pessoal em 9,9% do PIB (p. 27) e 43% dos impostos (p. 31). A média comunitária é também inferior. Mais grave é estes indicadores terem descido geralmente nos nossos parceiros, continuando alegremente a subir entre nós.

O acréscimo de 2,9% do PIB em gastos com pessoal face à média europeia (p. 27) significa anualmente uma perda em Portugal de quatro mil milhões de euros. Isso equivale a cinco vezes os estádios do Euro 2004, o dobro do aeroporto da Ota e quase o custo da linha TGV Lisboa-Porto. Este colossal "aumento do peso do rácio da despesa no PIB, no período de 1990 a 2002, é explicado em 31,4% pelo aumento da despesa média [por trabalhador] e em 68,6% pelo aumento do número de efectivos" (p. 25). Os funcionários ganham mais mas, acima de tudo, são cada vez mais.

O retrato podia continuar. O pior de tudo é o que, na sua linguagem neutra, o Relatório apresenta como "acréscimo de efectivos sem justificação visível" (p. 31).

Estes enormes aumentos não tiveram, afinal, resultados.

O Estado, que já era monstruoso e tentacular há 20 anos, hoje esmaga a economia, sem trazer nada de mais. As melhorias de serviço, novos benefícios, ganhos de eficácia são ínfimos face à dimensão dos acréscimos. Por exemplo, nas "remunerações certas e permanentes", "o peso dos ministérios da "Educação, Ensino Superior e Ciência", de 2001 para 2005, passa de 46,3% para 50,9%" (p. 23), anos em que a população escolar caiu acentuadamente.

Assim nem vale a pena falar nos terríveis problemas de regimes, regalias, rigidez dos contratos. E tudo isto vem só das questões de pessoal. Os recursos desperdiçados pela acção desse pessoal, em subsídios injustificados, projectos sem fundamento, burocracias paralisantes, ficam omissos.

A administração pública é muito vasta e diversificada. Existem excelentes exemplos, pessoal dedicado, serviços eficientes. Mas este quadro global, sempre injusto para os casos pontuais, aponta para uma conclusão indesmentível: aqueles a quem o País entregou a gestão dos recursos nacionais usaram-nos, em geral, em seu proveito. Como não são tolos e têm arte, ficaram com a melhor parte.

Um facto significativo vem das enormes dificuldades dos trabalhos da Comissão. Os valores publicados são deficientes, com séries truncadas, números extrapolados, comparações parcelares, usando fontes exteriores, não internas. Se a máquina do Estado é bem definida e controlada, não devia ser tão difícil descrevê-la. Por que razão é tão custoso saber a quantos o Estado paga? Complicado é medir a indústria, o PIB, o investimento nacionais. A nebulosidade em problema estatístico tão linear aponta para a cumplicidade dos serviços nos esforços para disfarçar o descalabro.

O relatório agora publicado revela um escândalo nacional de uma dimensão e profundidade sem comparação. Os responsáveis pela catástrofe são muitos e espalhados por décadas, mas a sua acção conjunta gerou um desfalque do dinheiro dos pobres sem paralelo na nossa História. Supreendente é a apatia e indiferença com que isto foi recebido. Reclamar punições é desadequado, mas ao menos que se evitem repetições. Os actuais agentes do sector, herdeiros deste monstruoso desastre, vão definir o futuro. Pedir-lhes vergonha talvez seja difícil, mas, ao menos, que mostrem algum comedimento e embaraço.

João César das Neves

Retirado do Diário de Notícias, 02 de Outubro de 2006. João César das Neves está na Alameda Digital.

O Brasil futurável


Se Lula da Silva continuar presidente do Brasil pode-se dizer que houve um plebiscito.

Há 56 anos, o filósofo político Bertrand de Jouvenel inventava a palavra ‘futurível’, para designar ‘o futuro possível’. Da mesma forma, podíamos criar o neologismo ‘futurável’, referente ao ‘futuro provável’.

Se se concretizar o ‘futurível’, isto é, se Lula da Silva continuar presidente do Brasil, pode dizer-se que houve um plebiscito de políticas sociais inevitáveis (como a bolsa familiar) e que as alegações de corrupção, tráfico de influências e nepotismo surgem apenas como cenário.

Mas o ‘futurível’ pode não ser ‘futurável’.

Numa situação em que a passagem à segunda volta se decide num universo de 6% de votantes, a recente descoberta dos 800 mil dólares sem dono pode ser mais do que um embaraço para o PT.

Os apanhados com esse excesso de dinheiro em notas, num país rico de gente pobre, podem não estar ligados pessoalmente a Lula, mas a sua conexão, demonstrada e confessada, com o partido no poder, obrigou o lugar-tenente presidencial, responsável pela campanha, a dizer adeus. E levou a TV Globo a colocar uma cadeira vazia, onde se devia sentar o presidente – candidato, para o último grande debate, onde milhões suspendem a descrença e ouvem as propostas dos políticos.

A velha piada, adaptada às situações, diz que Lula só perderá “se for encontrado na cama com um homem morto, ou uma mulher viva”. Mas há outras hipóteses. Segundo sabemos, a observação de Heloísa Helena, mulher viva, candidata do PSOL, insuspeita ex-trabalhista, que representa os presumíveis ‘traídos’ da Esquerda, calou fundo: “Lula tinha obrigação de descer do trono e vir dar explicações ao povo.” Claro que o povo pode preferir fechar os olhos, e comer um sapo vivo, a bem do ‘futurável’.

No fio da navalha

Pela primeira vez, a Índia acusa directamente o serviço secreto central do Paquistão, o ISI, do general Ashfaq Kiani, de ter pensado, patrocinado e organizado os sangrentos atentados de Bombaim, de há meses atrás. E o antigo chefe contra-terrorista indiano, B. Raman, chama às memórias de Pervez Musharraf (‘In the Line of Fire’) a versão paquistanesa do ‘Mein Kampf’. As palavras não seriam relevantes se os vizinhos não fossem atómicos, e se pelo meio não houvesse o inferno do Afeganistão.

Há quem parta sem dizer adeus, e quem diga adeus sem partir. Foi o que fez (outra vez) Tony Blair, no último congresso do Labour.

Ségolène Royal será a primeira presidente da França se conseguir exterminar as víboras do próprio partido e depois domar Sarkozy. É a grande novidade da ‘esquerda’ desde a Revolução.

Em poucas horas, Hugo Chávez retirou Sócrates dos cartazes de campanha e pediu desculpa. Quem diz que Portugal não tem força externa?



Nuno Rogeiro


Retirado do Correio da Manhã, 01 de Outubro de 2006.

A tv e a decadência dos valores

A guerra das audiências anda a destruir valores considerados, por mim, imortais. Vejam este apanhado editado na última edição da Sábado:

Quantas cenas picantes passaram em Jura e Tempo de Viver na última semana:

33 cenas de sexo


22 nus

60 diálogos picantes

87 traições

10 apalpões

41 beijos

24 propostas sexuais

24 conversas sobre swing

Com tanta exposição estou em crer que qualquer dia um corpo nu já não é estímulo para ninguém, a prová-lo estão o número crescente de depravações sexuais que, volta e meia, surgem nos jornais.

Se um corpo nu não excita, a criatura humana acaba por procurar algo mais "ousado" que o faça funcionar e sentir-se normal.

Ai abominável mundo novo...